NUMA Noite de JulhO

A escolha certa 

 

    Três pessoas procuraram Félix para irem até o monte com ele. Maria e sua filha Júlia, acompanhadas de Carlos, um amigo e vizinho delas (estes são nomes fictícios para preservar identidade, salvo o nome do Félix).

      Maria é uma senhora que tem em torno de 50 anos, considerada uma pessoa de baixa estatura, 1 metro e 50 centímetros aproximadamente, tem cabelos loiros ondulados. É uma pessoa com muita força interior, tem um propósito com Deus muito grande. Maria muitas vezes sofre com dificuldades financeiras, ela vive da venda de lanche feitos por ela e vendidos de loja em loja no centro da cidade. Mora com sua filha, Júlia. Uma jovem de rara beleza, muito educada, observadora, magra, da altura da mãe, de cabelos castanhos claros, é uma pessoa reverente a Deus.

      Elas tinham um amigo, Carlos. Um senhor com mais de 40 anos, 1 metro e 60 centímetros aproximadamente, cabelo castanho escuro, normalmente escabelado e com a barba rala. Carlos precisava urgentemente da ajuda de Deus. Com problemas com drogas e álcool, com uma depressão muito forte, Carlos vivia isolado em um casebre de madeira, nos fundos de um armazém pertencente a seu pai, ao lado de um ponto de tráfico de drogas. Mantinha sempre sua casa com as portas e janelas fechadas, as quais cobria com cobertores para que a luz do sol não penetrasse.

      Era uma noite muito fria de junho, Félix entrou em uma rua pouco iluminada, com calçamento de pedras, onde eles residiam. Chegou à casa de Maria e Júlia, ao olhar para a casa viu as luzes acesas, sinal de que  elas estavam em casa. Prontamente elas saíram, embarcaram na parati branca e foram buscar Carlos, que residia na mesma rua.

      Ao chegarem em frente ao armazém do pai de Carlos, ele já os aguardava. Porém, quando entrou no carro, um cheiro forte de álcool tomou conta do interior do veículo, fazendo com que Félix instintivamente abrisse os vidros, mesmo com o frio terrível que estava fazendo. Carlos estava completamente embriagado.    O percurso até o monte era de quatro quilômetros, mas aquela situação de frio misturada ao odor de Carlos, fez parecer com que o percurso fosse muito maior.

      Chegando ao monte eles iniciaram a subida, passaram por um campinho, pularam um corrego estreito e logo vinha a subida muito ingreme, com obstaculos realmente dignos de atenção. Carlos usava uma calça típica gaúcha (bombachas), porém com tênis ao invés de botas, de casaco com uma boina de renda em sua cabeça. Tinha um cuidado excessivo ao caminhar, caminhava pé por pé, como esquivando as pedras; era tímido, cabisbaixo, com os aparentes sintomas de depressão. Falava, quando falava, era de um jeito diferente, como se declamasse todas as palavras, mesmo, como se fosse poesia rimada, algumas palavras complicadas ou talvez inventadas por ele mesmo, pensando em cada uma delas antes de pronunciá-las, talvez por medo de dizer alguma bobagem. Parecia um personagem de uma novela.

      Ao chegarem ao topo do monte, um grupo de quinze pessoas já estava reunido. O pastor L., como de costume, estava conduzindo aqueles momentos de oração, uma das partes costumeiras era que cada irmão escolhesse um determinado ponto do monte para fazer sua oração individual.

      Carlos foi indo, e escolheu exatamente o ponto em que Félix costumava orar. Félix, surpreso, com delicadeza falou a ele sobre o ponto que ele havia escolhido e Carlos timidamente atendeu o pedido, deixando com que Félix lá ficasse e orasse por ele e Júlia, já que ele nunca havia orado em sua vida.

     Félix estendeu um saco plastico, daqueles que vem farinha de padarias, bem limpinho e proprio para a ocasião, para não se espinhar com as plantas nativas, ajoelhou-se em baixo de um imenso eucalipto que penetrava a escuridão do céu, ele tinha uns 20 metros de altura aproximadamente, a ação do vento lhe causara uma certa envergadura. Félix fechou os olhos, pensou e orou para os dois convidados. As palavras saíam de sua boca involuntariamente, como se alguem as ditasse, num tom solene, com súplicas em favor de Júlia e Carlos.  Félix sentia que as palavras atingiam os dois de uma maneira muito forte, porque desejava ardentemente que Deus os abençoasse, havia amor em cada frase proferida, amor de Deus.

      Carlos então, em meio à penumbra daquela fria noite, após ter terminado a oração, levantou-se visivelmente extasiado pelo poder da oração. Ficou na ponta dos pés, dizendo parecer estar nas nuvens. Emocionado, falava para Júlia que não queria perder aquele sentimento novo.

    Júlia assistia a tudo maravilhada, sabendo que era Deus que ali estava operando no seu amigo e vizinho. Os sinais de embriaguez de Carlos desapareceram no mesmo instante; e solenemente todos os que estavam nesse bosque de eucaliptus voltavam ao centro do monte onde os outros irmãos aguardavam cantando hinos. Aquela noite foi uma noite memoravel, Deus atingiu os corações de todos.

     No dia seguinte Félix foi até a casa de Carlos para ver como ele estava. Inacreditavelmente ele havia tirado os cobertores das janelas e portas, deixando o sol penetrar em sua humilde casa. A sujeira e o mofo deram lugar a luz e limpeza, uma faxina feita por Carlos, que não apresentava mais nenhum sinal do efeito provocado pelo álcool e pelas drogas. Sua aparência depressiva havia desaparecido.

      Félix ofereceu um curso bíblico para Carlos, que seria ministrado por um irmão da igreja, um obreiro bíblico. Ele aceitou no mesmo instante.

      Os dias se passaram, Carlos, porém, depois de um tempo de estudo bíblico, deixou-se outra vez levar-se pelas perdições do mundo e desistiu de tudo, entregando-se aos vícios e abandonando o caminho cristão, deixando o inimigo tomar conta de sua vida.

   Alguns meses depois, ele foi assassinado por traficantes da região. O autor do crime jamais foi identificado.

      Deus nos dá as oportunidades, cabe a nós sabermos aproveitá-las. Se você, entretanto, ignora o amor de Deus e resolve ir pelo caminho do mal, não há mais nada que Ele possa fazer por você. Busque incessantemente a presença de Deus e tenha a salvação pela fé e confiando na graça.

(Transcrito por Márcio Crestani, em Julho de 2010)

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